quarta-feira, 17 de abril de 2013

Donde brotam favelas.




Brotam espinhentas favelas
no meio do oco do Sertão,
impondo rudeza
ante a lei do cangaço,
foice, mula e gibão.

Sem medo o sertanejo
atravessa a morte,
garrada à mão sua prole,
escorrendo suor cru
por sob seu gibão.

Passos firmes
percorrem a sorte
de quem nasce
com o ferro do abate.

Planta sangue
no pó da Esperança.
Vento norte,
chuva forte.

Imbuzeiro, juazeiro,
aroeira, macambira,
catingueira, criação,
todos jazidos no chão.

Tanta gente retirada
para os lados do sudeste.
Passa tudo, menos a tristeza
e o sofrimento.

Fosse vivo Lampião,
Corisco, Candeeiro,
Labareda, Moita Braba,
Cabeleira, Azulão.

Invadiriam os poderes
do Estado, cortando língua,
furando olho, revirando vísceras,
bradando a vida do povo do Sertão.

(Dimitre Padilha).