domingo, 14 de junho de 2009

Viver ao seu lado.


“Morri! E a Terra - a mãe comum - o brilho
Destes meus olhos apagou!... Assim
Tântalo, aos reais convivas, num festim,
Serviu as carnes do seu próprio filho!”


Aos que choram às Vozes dos Túmulos.


Sentir a cor na dor que afeta,
Traz o sabor insípido à minha boca aberta.
Bocejo noturno transmutado em insone incerteza.
O que serei na manhã que espera?
Música, sonho e primavera?
Caixão, túmulo e vermes?

Fecha-te, boca do inferno, não pensa
Afasta-te desse quarto escuro,
Há humor na espera dos vermes
São tantos pratos e talheres
Que à hora da Ultima Ceia,
Degustam-nos rasgando aos dentes
Sem etiqueta e cortesia, em
Arrotos, flatos e grosserias.

Onde está a poesia dos vermes
Senão em comer a prostituta e a freira,
O alcoólatra e o atleta,
O servo e o fidalgo,
Sem orgias ou religiosidade,
Bebedeiras ou atletismo,
Servidão ou fidalguia,
Todos num único prato,
Com os mesmos dentes afiados.

Sentir a dor na cor que espera
Torna prematuro o parto do escuro.
Andamos de braços dados com ela,
Não há o que chorar,
Nos resta viver.
Carpe Diem, senhores.

(Dimitri Padilha)