quarta-feira, 24 de julho de 2013

A triste partida.


À Jose Domingos de Morais.

Dominguinhos é água que cai no solo mais seco do Sertão
É lua que ilumina as estradas dos errantes em retirada
É mel que adoça a doçura das crianças
É sanfona gonzagueada.

Dominguinhos é a força que carrega a cultura nordestina
É harmonia improvisada, 120 baixos de maestria
É a resistência do vaqueiro na lida brava
É peregrino de todos nós.

Dominguinhos é a simplicidade da cachaça
É o aboio do vaqueiro tocando o gado
É conversa avarandada.

Dominguinhos é o aconchego do lar
É luar, sanfona, fogueira
É o Sertão.


(Dimitre Padilha – 23/08/2013)

terça-feira, 11 de junho de 2013

Tenho dito.


Talvez sim...

Quando o amor é uno
Quando o amor é tudo
Quando o amor é junto

É isto que completa
incessante...

(Dimitre Padilha)

sábado, 25 de maio de 2013

Feminismo.




Sendo a mulher derivada
da costela de Adão,
qual seria a força do
esqueleto deste cidadão?

Invertamos os polos
da Gênese, atribuindo
a Eva essa incrível
doação.

O ventre que lhe cabe
toda especiação.

Devoremos a árvore
da ciência.

Colocai-vos as uvas
na fermentação.

A mulher foi quem
gerou o tal de Adão.  

(Dimitre Padilha, poema para todas as mulheres).

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Lua Clara.



Clara noite surge dos olhos
qual lua que exala cheiro morno
de alecrim em primavera anunciada.

Clara lua percorre a madrugada
das águas em ventos quentes
trazidos do norte.

A floresta é tua cama,
as cachoeiras, teus versos,
a essência da natureza
sua própria beleza.

(Dimitre Padilha)

terça-feira, 21 de maio de 2013

Solos e subsolos.





Poesia clara
manhã dos sóis,
girassóis, transcorrido vergel.
Enigmaticamente caminhar...

(Dimitre Padilha).

terça-feira, 7 de maio de 2013

Futuro do pretérito.



Vil e sujo vi-me em seus olhos
tão atentos quanto descuidados
de névoa e alumbramentos
pretéritos.

Incolor e sem cheiro avistei-me
em seu olhar retificador,
devastando-me de tudo
o quanto antecedia a mim.

Essa dor destitui o gozo
inaudito, interdito, despido
de sangue e pele flamejante.

São girassóis mumificados,
frutos impuros da lembrança
num jardim esquecido.

(Dimitre Padilha)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Donde brotam favelas.




Brotam espinhentas favelas
no meio do oco do Sertão,
impondo rudeza
ante a lei do cangaço,
foice, mula e gibão.

Sem medo o sertanejo
atravessa a morte,
garrada à mão sua prole,
escorrendo suor cru
por sob seu gibão.

Passos firmes
percorrem a sorte
de quem nasce
com o ferro do abate.

Planta sangue
no pó da Esperança.
Vento norte,
chuva forte.

Imbuzeiro, juazeiro,
aroeira, macambira,
catingueira, criação,
todos jazidos no chão.

Tanta gente retirada
para os lados do sudeste.
Passa tudo, menos a tristeza
e o sofrimento.

Fosse vivo Lampião,
Corisco, Candeeiro,
Labareda, Moita Braba,
Cabeleira, Azulão.

Invadiriam os poderes
do Estado, cortando língua,
furando olho, revirando vísceras,
bradando a vida do povo do Sertão.

(Dimitre Padilha).