quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Dos caminhos imaginados que nunca podem saltar.


                                
                                                      À Vanessa Lima Lins e Raphael Patury Lins



Caminham pelas ruas os pés
que às pernas dominam
e a mim desconfortam
o caminho que os levam.
Este caminhar leva sempre até nós.

Caminham anestesiados os pés
sob o caminho imaginário
arrastando sempre aquelas pernas
donde brota todo ser
o ser que é sempre todos nós.

Caminham para o salto os pés
cooptados pelo caminho deixado,
levando consigo adiante o ser
do nada, inexistente de folego e grito.

Caminham sorrateiros
conosco, dentro de nós,
diversos de impossibilidades.

Possibilitemo-nos.

(Dimitre Padilha – arbitrariamente divagando a três).

terça-feira, 29 de maio de 2012

Escrito.



Sim,

escrever

dói,

e

dói

nas

V Í S C E R A S...

(Dimitre Padilha)

Poema newtoniano.



A massa multiplicada

pela GRAVIDADE

não dá o PESO de uma

P A L A V R A...

(Dimitre Padilha)













terça-feira, 8 de maio de 2012

A Lua e Eu.




Certa vez a lua perguntou-me:
- por que me achas tão bela?
E eu, ao mirar seus olhos de ressaca, disse-lhe:
-Porque poesia, lua, a gente escreve com as vontades do coração.

(Dimitre Padilha, às 3 da madrugada, conversando com a Lua)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Essa lua.


                                                                         Foto by: Chico Passos

Quando olho-te assim nua e branca,
sem pudor, exposta publicamente aos ventos
das noites quentes do norte...
essa canção, esse vinho, esse cheiro de mar,
me tens enternecido como o diabo.

(Dimitre Padilha – aos 05/05/2012, sábado e primeiro dia de lua cheia).

Quimicamente.




A paixão nada mais é do que um dedo na ferida
acompanhado de doses regulares de morfina,
anfetamina, serotonina e anti-inflamatórios.
E nessa diária paradoxal química, um simples
olhar de ressaca pintado com sombras e
sorrisos oculares, ensejam poemas homéricos.

(Dimitre Padilha – aos 05/05/2012)

sábado, 21 de abril de 2012

Amor-Paixão.



Amor é música clássica,
paixão é jazz, tango.

Assim, amo quando a brisa
em clara noite perfumada
abranda o mar, e os corpos
mornamente entrelaçados
adormecem vigiados pela lua.

Quando paixão, os ventos mudam,
entra a viração, o leste devastador.
O mar apesar de azul é revolto,
lua cheia, tempestades solares,
e os corpos não se entrelaçam, fundem-se
um ao outro, numa ânsia de sede incurável.

O amor é outonal, é um sereno
caminhar por sobre folhas secas,
é entardecer-se.

Paixão é criação volátil, é um matar-se
dentro de si a cada instante, em revoltadas
ondas primaveris.

A paixão é o amor criança.


(Dimitre Padilha – aos 18 dias de Abril)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Poesia.




Era bom saber dos olhos,
da música, dos suspiros,
do vinho derramado
sobre seus panos...
a pele, a língua, o hálito morno
escapado por entre seus dentes,
possuindo toda minha insônia.

Hoje sua ausência me
faz mais presente de mim
e distante do ludismo da noite,
lua, música e nostalgia...
dos inebriantes desejos do eu e você,
simplesmente.

O dia me tens cansado,
grudado aos livros,
dedicado aos dessabores
fáticos do mundo,
à maestria imposta aos juristas,
trancafiados e mortos a cada dia...
renascidos a outros.

Agora, à noite, em Pasárgada,
o cigarro não me deixa,
o malte, a cerveja, inspiram-me
dedilhar palavras soltas ao violão
enquanto mulheres de olhos aliciadores
exalam perfumes misturados.
Onde ainda sou poeta.

Amanhã não me terás profano,
ausente  ou amputado de mim,
já não habito a caverna de Platão,
e há muito são outras as minhas paixões,
são outros os desejos que ensejam
lágrimas ou despertam cólera espartana.

Os olhos pueris 
a que me viram os teus,
sempre hão de enxergar
a imensidão do meu ser
entre espelhos paralelos,
e dentre tantos aqueles que sou,
sempre haverá um seu.

(Dimitre Padilha – aos 10 dias de Abril de 2012)