sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Intimamente.


Abismei-me em mim
quando do alto dos olhos,
saltei despido de paliativos
temores que indicam o fim.

Saltei, enfim.

Abeirado ao paredão de pedra,
com as unhas cavei crateras
adentrando um mar profundo
de onde descubro o cheiro do meu Eu
à hora do susto.

Encharquei-me de mim.

Absorto, pairado no mar,
reconheci buracos, estrume, lama,
raras bromélias, endêmicas orquídeas
e espinhos que agridem elas.

Meu Eu é o mar,
o mar dos antigos.

(Dimitre Padilha, em revoltadas ondas de verão)

Nenhum comentário:

Postar um comentário