Abismei-me em mim
quando do alto dos olhos,
saltei despido de paliativos
temores que indicam o fim.
Saltei, enfim.
Abeirado ao paredão de pedra,
com as unhas cavei crateras
adentrando um mar profundo
de onde descubro o cheiro do meu Eu
à hora do susto.
Encharquei-me de mim.
Absorto, pairado no mar,
reconheci buracos, estrume, lama,
raras bromélias, endêmicas orquídeas
e espinhos que agridem elas.
Meu Eu é o mar,
o mar dos antigos.
(Dimitre Padilha, em revoltadas ondas de verão)