sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Poesia.




Era bom saber dos olhos,
da música, dos suspiros,
do vinho derramado
sobre seus panos...
a pele, a língua, o hálito morno
escapado por entre seus dentes,
possuindo toda minha insônia.

Hoje sua ausência me
faz mais presente de mim
e distante do ludismo da noite,
lua, música e nostalgia...
dos inebriantes desejos do eu e você,
simplesmente.

O dia me tens cansado,
grudado aos livros,
dedicado aos dessabores
fáticos do mundo,
à maestria imposta aos juristas,
trancafiados e mortos a cada dia...
renascidos a outros.

Agora, à noite, em Pasárgada,
o cigarro não me deixa,
o malte, a cerveja, inspiram-me
dedilhar palavras soltas ao violão
enquanto mulheres de olhos aliciadores
exalam perfumes misturados.
Onde ainda sou poeta.

Amanhã não me terás profano,
ausente  ou amputado de mim,
já não habito a caverna de Platão,
e há muito são outras as minhas paixões,
são outros os desejos que ensejam
lágrimas ou despertam cólera espartana.

Os olhos pueris 
a que me viram os teus,
sempre hão de enxergar
a imensidão do meu ser
entre espelhos paralelos,
e dentre tantos aqueles que sou,
sempre haverá um seu.

(Dimitre Padilha – aos 10 dias de Abril de 2012)

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