segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Solilóquio de um perdido.

À Jorge de Souza Araújo, professor e poeta.

Não falo em chão, porque há muito não os sinto sob os pés.
Tenho pernas arrancadas, olhos que enxergam escravizados,
Boca e língua liquefeitos, sublimados.
Tenho no peito uma Supernova que aquece e resfria,
Pulsando a cada dia no imenso vácuo, sugando o que há de palpável
Nesse espaço acabado, degradado, isento, superficialmente sensibilizado.
Não me refiro aos braços amputados (ainda os vejo sobre a mesa)
Que sempre estiveram calados ao contato hansenico,
Ao cheiro suado de lençol insone sob luz apagada,
Da lua esquecida por poetas vivos, mortos a cada dia.
Hoje são os becos que caminham os homens,
Solitariamente acompanhados num arrastão de pessoas
Que não se vêem.

Pára humanidade, não caminha mais.

(Dimitri Padilha)

2 comentários:

  1. Bem vindo ao mundo dos bloggers!
    Em primeiro lugar, parabenizo-lhe pelas tão soberbas palavras. Belo e cru.
    Ao tempo que lembro de minha história com os blogs que começou sem ambição e hoje é pra mim uma terapia quiçá muitas vezes um desabafo.
    beijos! e recomendo vc no meu!

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  2. Padilha gostei muito do estilo de sus poesias!
    Abraço!
    Joselito dos Reis
    Visite, e seja um colaborador do blog oclubedopoetasuldabahia.blogspot.com

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