quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sobre a Lua (Saudosismo).




A lua hoje é uma prostituta velha
Que ainda se julga apetecível
Para homens que zombam dela.
Não há espaço para seu brilho
Tomado por holofotes de boates
E fumaças ilegais.
Suas crateras defloradas por poetas bêbados
Deixam celulites expostas no vestido rasgado
Nem seus dentes foram poupados
Em socos arrependidos de adúlteros mal-amados.
Pobre puta gonocócica sem valor
Hoje lhe resta esse poema sem poesia.

(Dimitri Padilha)

5 comentários:

  1. MASSA!DIMI!! MUITAS VEZES, NAS MINHAS NOITES EM SAMPA PERCEBIA QUE A LUA ESTAVA ASSIM... COMO NESTE POEMA, MAS, A LUA TEM UMA OUTRA VERSÃO NA ILHA DO DESEJO E EU A VI SEMANA PASSADA...
    E COMO É PRAZEROSO VÊ-LA LÍMPIDA E NUA BRINCANDO COM AS ONDAS, AFINAL, TODA PUTA VELHA JÁ TEVE SEUS DIAS DE ADOLESCÊNCIA E PUREZA...

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  2. Muito legal essa interpretação, esse ponto de vista poético e ácido sobre a lua! Parabéns, velho! Tá massa! Estou agora podendo conhecer seus dons literários! Abração!

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  3. Minha expressão ao ler e reler esse poema sem poesia diria muito melhor que eu!! Imagine-a aí!! A mais surpresa pela secura e amargura mais doce... como disse Sávio: acidez! Mas sem dúvida há mel escondido em algum lugar! Gostei!!

    Esse comentário foi feito por Leilane, grande amiga.

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  4. De fato, ao tempo que sua exaltação remete a condição de degradação da lua por este prisma moderno, percebo que no fundo ela se tornou um álibi dos péssimos poetas que só enxergam a beleza e a inspiração.
    Seu poema é cru, verdadeiro e realista.
    Nada como um toque de amargura nos olhos dos outros. beijos

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  5. Reconheci minhas palavras mas fiquei alguns segundos parada olhando para a tela, confrontando as mesmas diante da indicação de postagem, como quem diz: nossa... parecem minhas! Logo abaixo vejo seu "apud"! Não contive o sorriso! "Grande amiga" me chegou como um abraço terno! Difícil retribuir, mas hei de fazê-lo n'algum momento, inusitadamente!! Lê-lo tem se tornado um bom hábito!

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