quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pés descalços.

Pés descalços renegam a boca
À medida da rigidez da coluna.
Os vejo com os olhos da lembrança
Transportando-me à infância.

Cheiro de lavanda e alfazema,
Talco que liberta a pele
Da maciez aderente do tecido.
Aquecido, alimento-me de minha mãe.

Cheiro de lavanda inglesa
Dos pêlos do peito de meu pai
Cantarolando músicas autorais.
Sem etiquetas, arroto cheiro suave de vida.

No berço encontro meus pés,
Em especial o dedão, que de tão macio,
Afaga-me as gengivas e dentinhos.
Mordo até dormir.

Que saudade dos meus pés.

(Dimitre Padilha, com lágrimas de saudade)

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